Um pouco de luz

Estou com uma pequena preguiça desta minha vida tão independente.
Talvez o tempo realmente passe mais rápido à medida em que ficamos mais velhos.
E eu deveria estar tendo filhos e cuidando de casa, ao invés de quicar ao som de música eletrônica em plena luz do dia.
Será?

Cuidar de tudo sozinha cansa demais. Não sei se o que me falta é o modelo convencional de relacionamento, mas sinto falta de ter alguém me ajudando a tomar as minhas próprias decisões. Cansei de ser a única variável nesta equação...por alguns momentos, gostaria de ser a variável dependente, que não explica os fatores, apenas é.

Recentemente uma luz queimada no meu banheiro foi o estopim da minha indignação. Em sinal de protesto, resolvi não trocá-la. Cada noite em que eu chegava em casa, testava o interruptor com uma leve e insana esperança...e nada de luz!!! A indignação vinha mesmo do fundo do coração: "não é possível, até ISSO eu tenho que fazer sozinha!!!" Pensei em apelar aos amigos (ano passado, quando meu chuveiro queimou, o Du veio em meu socorro), mas depois percebi que não era isso que faria diferença. Por mais que eu tenha pessoas queridas dispostas a trocar uma lâmpada (!) para mim, no final, daria no mesmo...Resignei-me e, um mês depois, troquei a bendita.

Tenho me sentido muito cansada ultimamente. O cansaço, na verdade, vem do excesso de trabalho e da maratona de baladas-jantares-vinhos-viagens-e-afins, a qual me submeti voluntariamente desde o final do ano passado. Mas...estou me ocupando com toda essa maratona, para me esconder de quê?

Não me entendam mal, adoro a minha vida independente. Isso é apenas um desabafo de alguém que está se aproximando dos trinta com uma velocidade assustadora, e ainda não tem a menor idéia do que quer ser quando crescer...

Just smile and wave...

Há momentos em que nossa determinação e coragem são necessários para mudar a realidade. Abandonar postos cativos, desconfortar-se, arriscar, fazer acontecer. Despir-se do medo, içar a vela, tomar o destino em mãos e fazer da vida algo melhor.
Adoro esses momentos, em que o futuro depende apenas dos meus atos, e das consequências que estes vão gerar. Tenho plena confiança na minha capacidade de influenciar o universo a agir a meu favor. Adoro essa sensação de liberdade que deriva do controle das situações.
O que detesto, mesmo, são aqueles momentos/decisões/situações que não dependem de mim. Aqueles em que "só resta esperar", "o tempo é o melhor remédio", ou "você já fez a sua parte, agora confie". Grande parte dos acontecimentos da nossa vida não pode ser diretamente influenciada por nós. Dependemos da confluência de energias já dissipadas, de quebra-cabeças montados com lógicas desconhecidas, de sabores e humores de outrem. Estas situações trazem uma sensação de impotência capaz de enlouquecer o geminiano mais sensato.
Um dos aprendizados mais profundos e mais necessários que tive nos últimos tempos, foi a capacidade de aceitar resignada aquilo que eu não podia mudar. Talvez o meu maior desafio, talvez a maior causa dos meus surtos, e agora talvez o meu maior motivo de orgulho...
Ainda estou longe do total desapego ao controle das situações, mas veja só, eu agora também sou capaz de, vez ou outra, quando não há mesmo nada que eu possa fazer, relaxar e...SMILE AND WAVE !! Smiiiile and waaaave...