A índia, ajoelhada no campo de batalha, velava com olhos úmidos seu amante espanhol encharcado em sangue, que com inútil desespero buscava afastar de si o hálito frio da morte.
Tanta submissão, tanto apego, deveras amor...
A bela índia murmurava em quéchua uma oração sagrada aprendida com seus ancestrais incas, em vã tentativa de salvar a alma daquele que aprisionou seu coração. Abandonando seu povo e sua terra, seguiu-o desde o Peru até o Chile, incansável por entre desertos e guerras, e seguiria-o até o fim dos mundos, se ele assim o quisesse e os deuses permitissem.
Os gritos ferozes da guerra lhe trouxeram de volta à realidade. Não havia tempo para mais; despediu-se com um longo beijo de seu amado, e deixou-se cair sobre ele. Ao ouvir o selvagem mapuche se aproximando, em um gesto de derradeira submissão, ergueu os olhos ao céu e agradeceu a presença daquele que a levaria de encontro ao seu eterno amor.
Sunday, September 14, 2008
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